Este mês a Revista Bons Fluidos traz uma reportagem falando sobre a meditação e seus benefícios: "estudos em curso sugerem que a meditação pode aumentar a eficiência do célebro. E vão além: sua prática diária tem efeito importante até na luta contra o câncer. Essa é uma histórita que merece sua atenção."
Abaixo, alguns trechos da matéria. A reportagem completa está na Edição 155 - Fevereiro/2012.
O MONGE E A CIÊNCIA
No final do ano passado, o dalai-lama apresentou-se em evento promovido pela Associação Palas Athenas, em São Paulo. Na companhia de pesquisadores estrangeiros e brasileiros, ele discorreu sobre o tema "Estados de consciência e os conhecimentos acerca das práticas contemplativas, como a meditação, e seus efeitos no cérebro". O simpósio marcava o segundo encontro dessa natureza no Brasil - o primeiro, em 2006, versou sobre ciência e espiritualidade -, na mesma linha de outros tantos que Sua Santidade vem realizando, desde 1987, em vários pontos do planeta, para discutir as pontes entre os conhecimentos tradicionais e os científicos, sob a organização do Mind and Life Institute (instituto da mente e da vida).
Elisa Harumi Kozasa foi uma das convidadas. Ela tem certificação internacional do programa Cultivating Emotíonal Balance (CEB), criado com base em uma indagação de Sua Santidade, o dalai-lama. Ele perguntava se as práticas contemplativas poderiam, juntamente com conhecimentos da psicologia, ajudar a lidar com nossas emoções destrutivas. Paul Ekman (maior especialista em expressões emocionais) e Rlan Walla-ce (considerado um dos grandes professores de meditação no Ocidente) criaram então o CEB, para tentar responder a pergunta do dalai-lama.
Ainda no evento com o dalai-lama participou o médico neurorradiologista Edson Amaro Jr., coordenador do Instituto do Cérebro do Hospital Albert Einstein, falando a respeito da plasticidade do cérebro em práticas contemplativas. A pesquisadora Tâmara Russell, do King's College de Londres, tratou de estudos publicados em revistas cientificas sobre os efeitos neuronais da técnica de meditação de atenção plena (Mindful-ness). Geshe Lobsang Tenzin Negi trouxe os resultados da pesquisa sobre os efeitos da meditação para a compaixão sobre o stress.
MEDICIA INTEGRATIVA
A meditação como prática complementar aos tratamentos de pacientes com câncer no Hospital Israelita Albert Einstein faz parte de um projeto maior, coordenado pelo Dr. Paulo de Tarso Lima. Cirurgião, ele reúne em seu currículo graduações em programas de Medicina Corpo-Mente, na Universidade Harvard; Redução de Stress baseado em Mindfulness, na Universidade de Massachusetts; Medicina Integrativa, da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos. Também frequenta a Barbara Brenner School of Healing, na Flórida, onde a cura é estudada com base na energia humana.
A medicina integrativa surgiu nos Estados Unidos na década de 1970. Faz uso de todo tipo de terapia consagrada cientificamente, seja ela convencional ou complementar, unindo os conhecimentos da medicina tradicional oriental, com sua abordagem holística, e a ocidental, apoiada na produção científica e na tecnologia. Essa terapêutica aborda de forma integral o processo de cura, envolvendo mente, corpo e espírito. Acupuntura, Reiki, Ioga, meditação, orientação nutricional harmonizam a energia do nosso corpo, estimulando uma reação aos sintomas das doenças. As práticas meditativas são usadas como coadjuvantes no tratamento.
MEDITAÇÃO DA COMPAIXÃO
Um estudo de 2010, realizado na Universidade de Emory, Georgia, Estados Unidos, acrescentou mais um benefício à já impressionante lista de efeitos da meditação. O estudo conduzido por um professor de budismo tibetano Geshe Lobsang Tenzin Negi e pelo professor Charles Raison, ambos do departamento de Psiquiatria e Ciências Comportamentais, de Emory, provou que praticar um tipo particular de meditação pode ajudar a reduzir a resposta inflamatória ligada a situações de stress interpessoal. Como se sabe, a inflamação tem efeitos cumulativos muito perigosos para a saúde.
Lojong, a meditação da compaixão, é um treino para expandir o afeto para além do pequeno grupo que consideramos amigos. "A prática determina uma mudança no processo cognitivo que remodela nossos relacionamentos e permite conexões com toda a humanidade", explica Tenzin Negi, que também é diretor espiritual do Mosteiro Drepung Loseling, no Estado de Karnataka, na Índia do Sul.
Como em outras modalidades, a Lojong começa pelo treino respiratório, que estabiliza a mente e refina a atenção. Em seguida, vem a pratica de Minctful-ness, para exercitar o não julgamento, a atenção plena e a consciência corporal, com foco no desejo de felicidade para todos. Afinal, esse desejo deve ser projetado no universo para atingir todos os seres.
Os pesquisadores mediram as respostas biológicas à lojong e constataram que a diferença nos níveis de stress se acentuou muito a partir de um determinado tempo de meditação - quanto maior a intensidade da prática, mais baixo o nível de stress. Dr. Negi acredita que uma maior aceitação do outro pode ser um instrumento de saúde.
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